Em outubro de 2024, a Caixa Econômica Federal, responsável pela maior parte dos financiamentos imobiliários no Brasil, anunciou mudanças importantes nas suas regras de crédito imobiliário. As alterações, que passam a valer em 1º de novembro, afetam diretamente o percentual financiável, o valor de entrada e as condições para obter um segundo financiamento. Com o aumento das exigências, a compra de imóveis pode ficar mais difícil para muitos brasileiros, impactando não só os compradores, mas o mercado imobiliário como um todo.
1. Redução do Percentual Financiável
Uma das mudanças mais significativas envolve a redução no percentual do valor do imóvel que pode ser financiado:
- Sistema de Amortização Constante (SAC): O teto financiável caiu de 80% para 70%. Isso significa que, para um imóvel de R$ 1 milhão, o comprador precisará dar uma entrada de R$ 300 mil, em vez dos R$ 200 mil exigidos anteriormente.
- Tabela Price: O financiamento máximo foi reduzido ainda mais, de 70% para 50% do valor do imóvel. Dessa forma, quem optar por essa modalidade terá que desembolsar 50% do valor do imóvel na entrada. G1, FDR.
Essas mudanças tornam o valor de entrada um grande desafio para muitos compradores, especialmente em imóveis de valores mais elevados.
2. Limitação do Valor do Imóvel Financiável
Outro ponto importante é o estabelecimento de um teto de R$ 1,5 milhão para o valor do imóvel financiável na modalidade residencial. Antes, essa restrição era aplicável apenas ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH), mas agora se estende ao Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) da Caixa, limitando a compra de imóveis de alto padrão com financiamento. G1, Mixvale.
Esse teto limita a atuação de compradores interessados em imóveis com valores superiores, tornando necessário buscar alternativas de financiamento em outros bancos ou considerar imóveis de menor valor.
3. Restrição a um Financiamento Ativo por Cliente
A partir de agora, cada cliente da Caixa poderá ter apenas um financiamento imobiliário ativo. Antes, era possível ter mais de um contrato de financiamento, desde que respeitasse o limite de renda e utilizasse linhas de crédito diferentes, como o SFH e o SFI. Com essa mudança, quem já possui um financiamento ativo não poderá contratar outro até que o atual seja quitado. G1, FDR.
Essa limitação é especialmente desafiadora para investidores ou pessoas que pretendem adquirir uma segunda residência.
Motivações e Impactos no Mercado
As mudanças parecem estar relacionadas à escassez de recursos na poupança, que é a principal fonte de financiamento imobiliário no Brasil. A alta da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano, tem reduzido o interesse dos investidores na poupança, já que existem opções de investimentos mais rentáveis no mercado. Esse cenário pressiona as instituições financeiras a restringirem o crédito, e a Caixa, como maior player do setor, ajusta suas regras para se adaptar a essa realidade. Mixvale, G1.
Especialistas do setor, como Paulo Prado e Ronal Balena, avaliam que as novas regras da Caixa podem levar a um desaquecimento no mercado imobiliário. Com menos crédito disponível e a exigência de entradas maiores, a expectativa é que as vendas de imóveis diminuam, afetando toda a cadeia do setor, desde construtoras até corretores e investidores. G1, G1.
Como se Preparar para as Novas Regras
Para quem está planejando comprar um imóvel, é importante se adaptar a essas mudanças e considerar as alternativas disponíveis:
- Planeje o Valor da Entrada: Com a necessidade de um percentual maior de entrada, vale a pena revisar o planejamento financeiro para garantir que há fundos suficientes para atender às novas exigências.
- Avalie Outras Instituições: Outros bancos podem oferecer condições de financiamento diferentes da Caixa. Comparar as opções de crédito pode ser uma estratégia vantajosa.
- Considere o Momento da Compra: Com o mercado possivelmente mais restrito, há chances de que os preços dos imóveis se estabilizem ou até diminuam em algumas regiões, tornando interessante observar o comportamento do setor nos próximos meses.
Conclusão
As novas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal representam uma mudança significativa para o mercado imobiliário. O aumento das exigências de entrada e a limitação de valor e quantidade de financiamentos podem afastar alguns compradores, tornando a aquisição de imóveis mais desafiadora para uma parcela da população. Para aqueles que planejam comprar um imóvel, é essencial se preparar financeiramente e explorar as opções disponíveis para adaptar-se ao novo cenário.
Acompanhar as políticas de crédito e o comportamento do mercado nos próximos meses será crucial para quem busca aproveitar as melhores oportunidades.